A dama branca observa, sem implorar por atenção, minhas manifestações de humanidade. Me impressiona o seu rosto passivo e imutável, de sábia pureza, acima de mim. Inabalável, brilha a pequena soberana sobre o teto do mundo. Seu rosto é carregado: que temores, que horrores guarda discretos em suas sombras? Não responde aos meu chamados, aos meu brados, às minhas injúrias.
Aos poucos se nota que a dama é surda. Mas vem sempre, com hora marcada, aceitando ser percebida, admirada. Sabe a influência misteriosa e íntima que exerce sobre os homens; como nenhuma outra mulher, tem olhos profundos e eternos.
Amantes, olhando-a de tão longe, inacessível aos seus apelos, embaçam a vista com lágrimas teimosas / insistentes / inertes / impotentes, chorosos por não saber se o que os faz sofrer é a impossibilidade de tal amor ou a surdez de sua amada.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
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