Falo muito de olhos. Eu sei. Os olhos perturbam, os olhos incitam, os olhos...
Mais que tudo, intrigam.
Teus olhos não foram capazes de olhar.
Volto à cena à beira do precipício.
Não pulou. Deixou-se invadir pelo olhar pinçante da garota que circulava, deixou-se inundar, mas com que proeza se firmou na terra, com que firmeza recusou o vôo alucinante, com que loucura fez-se pedra.
Ela, tão leve, planou.. Apenas beleza havia à sua frente, só beleza encontrou no caminho planando até o chão.
E de tudo, resta apenas a falta de poesia que é o choro amargo difícil de digerir.
De tudo, somente o costume que o corpo adquiriu de revirar o estômago, de apertar a espinha, de incomodar a alma.
De tudo, apenas a lembrança do corpo, mas não dos olhos, que tanto brilharam certa vez.
De tudo, nada.
Ele não viu. Não pôde enxergar. Fechou os olhos, afogou o brilho.
Ele não viu.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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