Looking through a Glass Onion

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When I get to the bottom I go back to the top of the slide, where I stop, and I turn, and I go for a ride

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Grandes Navegações

Eis que surge:
no monólogo sombrio da madrugada
luzes fugitivas no quarto
O filme, a insônia, o fio.

Poesia embaralhada entre cabelos
A noite não é tão fria assim

Como música, flutuo pela grama
sem futuro
Passo por trinta violões e árvores
Silhuetas, tambores, estradas


Súbito, o absurdo:
Janelas entreabertas de madeira
Cabana de prata e o luar
Colchões de amantes, canções distantes
Envoltos a cantar

São as ondas que me revelam:
o absurdo, o invisível, impensável
uma ilha de meu sonho
Materializado nas bordas da retina
Impenetrável


Minha nau em busca de mim.

sábado, 5 de abril de 2008

Invisíveis fragmentos a olhos nus

Sigo os caminhos menos ortodoxos, quem sabe assim esta deusa vestida de farrapos se despe em ruas, vielas, becos e esquinas. São Paulo, cidade quase sem alma, mas ainda viva, palpitante, com arritmia. Seus batimentos desordenados atormentam a fachada dos prédios de espelho.

São Paulo são muitas cidades, são infinitas cidades se cruzando e se comunicando, se permeando e chocando. Sendo assim, posso dizer que é uma cidadezinha, com inha mesmo, de uma feiúra tão sutil que ouso dizer que me provoca admiração. Acabo por dizer que é linda. Tanta gente passa em todas as ruas que vejo, que fico a imaginar se não se cansam. Prefiro ir a pé.
Se engana quem pensa que a cidade é apenas um amontoado de construção, trânsito, pressa e desilusão. Na cidade há vida e morte, há alma e máquina, há pressa, acima de tudo, mas não para todos. Na cidade, os opostos convivem estranhamente, a olhares oblíquos e passos curtos.