Se trava, destrava.
Quebra, se necessário.
Solta e larga, solta a língua, solta as mãos, destrava.
Se travam as articulações, alonga.
Se o joelho grita, senta, agacha, descansa.
Não cansa.
Se a poesia se manifesta, grita, canta, rodopia com as palavras.
Só sons e ritmo, mais nada.
O que quero é sair gritando todo esse fluxo de poesia tão vivo dentro de mim, esse fluxo tão forte que me puxa, como correnteza, me invade a mente e os gestos, me domina as horas, tranca as tristezas, só me permite sentir o que é belo. A poesia tem desse capricho: bloquear o que há de feio no mundo, distorcer os cantos, as cores, os movimentos, distorcer e ajustar, até que tudo esteja na medida certa para encharcar a alma.
Minha busca incessante por mais vida continua indefinidamente e sem critérios circulando as bibliotecas, os parques, as esquinas, os olhares, as mãos e as bocas, atrás de qualquer sutileza que me invada por inteiro, que me faça entender o que é sangue, o que é pulsação, o que são vontades íntimas, o que é cruel. A mente sai quicando cegamente entre assuntos desinteressantes, seguindo de mãos dadas com o coração que sabe aonde quer chegar, que guia o corpo, que comanda o caminho. Esse trânsito de intenções sabe o que busca, ainda que codifique todos os sinais, para que eu aceite ser subordinada pelo meu sentido mais íntimo, mais profundo, aquele tão escondido e discreto, o único que sabe o que é o sentido da vida mas não me conta.
É ele que eu sigo.
sábado, 6 de setembro de 2008
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