domingo, 17 de dezembro de 2006
sábado, 3 de junho de 2006
Luz e Sangue
Uma estrada de terra seca, no meio do deserto.
O Sol quase se pondo, encontrava-me sozinha, num silêncio quase absoluto, não fosse uma música que movia o mundo. O Sol não iluminava muito, o que iluminava eram luzes piscando, cada hora em um lugar, como se houvessem diamantes espalhados pelo chão seco, como se as plantas tivessem espinhos de cristal.
Ouvi um barulho de cascos, era uma carruagem que carregava um caixão. Olhei dentro dele, a fim de ver quem era: uma mulher muito bela, com uma rosa vermelha ao lado de seu rosto. Enquanto eu via a rosa, ela começou a escurecer nas pontas, até ficar toda negra e torcida. Observei a carruagem indo embora, quando notei que, onde ela passava, tudo se transformava em vidro. Um medo veio, de súbito, pois percebi que seria encurralada pelo vidro, que vinha avançando na minha direção.
Corri, mas não rápido o suficiente, quando percebi estava completamente cercada por maciças paredes transparentes que me sufocavam. Não havendo lugar para ir, decidi entrar no vidro. Dentro dele, a sensação era como se eu estivesse andando em meio a um mar de gel denso. Movia-me com dificuldade. O vidro começou a expandir, até rachar-se, e precisei fugir das rachaduras. Fiquei ilhada, pois as fronteiras ofereciam maior resistência para mim, por isso dirigi-me ao ar livre novamente para me livrar daquela coisa que me sufocava; precisava nascer de novo.
Com um grito longo, icei-me para fora. Olhei à minha volta e vi, de um lado, um campo aberto, com montanhas ao fundo; do outro, uma floresta densa, cheia de árvores altas de grandes espinhos que lembravam lâminas de espada. Desviando, consegui penetrar na floresta e subi numa árvore. No alto desta consegui ficar de pé e comecei a olhar de cima a paisagem.O rio de vidro tornara-se apenas minúsculas pedrinhas brilhantes, cortando tudo o que havia dentro dele, tudo o que havia sido preso por ele. Manchas de sangue apareciam aqui e ali quando começou a chover. A água diluía o sangue, os cacos de vidro moviam-se numa corrente contínua e confusa.
Descobri que podia voar, mas precisava desviar da chuva. Voava como se estivesse dançando no ar, até que vi um homem com o braço estendido sendo esmagado pelos cacos de vidro; fui salvá-lo. Voei, puxando-o até a outra margem do rio e o coloquei no chão. Era tarde. O homem emitia uma luz fraca e etérea quando começou a levitar, pairando dois metros acima do chão. Suas feridas se fechavam, enquanto ele passava para uma nova dimensão, a qual eu não conhecia. Corri para o alto da montanha, a fim de observar melhor o lugar. Seu corpo soltava um último feixe de luz, muito longe de mim. Quando o olhei de novo, ele estava no chão, inerte e opaco. No céu, as nuvens escuras afastavam-se e, por um buraco entre elas, o sol passava, envolvendo minha visão com luz laranja. Fiquei assim algum tempo, admirando e sentindo a cena. Ao mesmo tempo que era bonita, me passava uma sensação ruim, queria sair dali.
Abri os olhos.
Tudo desapareceu.
O Sol quase se pondo, encontrava-me sozinha, num silêncio quase absoluto, não fosse uma música que movia o mundo. O Sol não iluminava muito, o que iluminava eram luzes piscando, cada hora em um lugar, como se houvessem diamantes espalhados pelo chão seco, como se as plantas tivessem espinhos de cristal.
Ouvi um barulho de cascos, era uma carruagem que carregava um caixão. Olhei dentro dele, a fim de ver quem era: uma mulher muito bela, com uma rosa vermelha ao lado de seu rosto. Enquanto eu via a rosa, ela começou a escurecer nas pontas, até ficar toda negra e torcida. Observei a carruagem indo embora, quando notei que, onde ela passava, tudo se transformava em vidro. Um medo veio, de súbito, pois percebi que seria encurralada pelo vidro, que vinha avançando na minha direção.
Corri, mas não rápido o suficiente, quando percebi estava completamente cercada por maciças paredes transparentes que me sufocavam. Não havendo lugar para ir, decidi entrar no vidro. Dentro dele, a sensação era como se eu estivesse andando em meio a um mar de gel denso. Movia-me com dificuldade. O vidro começou a expandir, até rachar-se, e precisei fugir das rachaduras. Fiquei ilhada, pois as fronteiras ofereciam maior resistência para mim, por isso dirigi-me ao ar livre novamente para me livrar daquela coisa que me sufocava; precisava nascer de novo.
Com um grito longo, icei-me para fora. Olhei à minha volta e vi, de um lado, um campo aberto, com montanhas ao fundo; do outro, uma floresta densa, cheia de árvores altas de grandes espinhos que lembravam lâminas de espada. Desviando, consegui penetrar na floresta e subi numa árvore. No alto desta consegui ficar de pé e comecei a olhar de cima a paisagem.O rio de vidro tornara-se apenas minúsculas pedrinhas brilhantes, cortando tudo o que havia dentro dele, tudo o que havia sido preso por ele. Manchas de sangue apareciam aqui e ali quando começou a chover. A água diluía o sangue, os cacos de vidro moviam-se numa corrente contínua e confusa.
Descobri que podia voar, mas precisava desviar da chuva. Voava como se estivesse dançando no ar, até que vi um homem com o braço estendido sendo esmagado pelos cacos de vidro; fui salvá-lo. Voei, puxando-o até a outra margem do rio e o coloquei no chão. Era tarde. O homem emitia uma luz fraca e etérea quando começou a levitar, pairando dois metros acima do chão. Suas feridas se fechavam, enquanto ele passava para uma nova dimensão, a qual eu não conhecia. Corri para o alto da montanha, a fim de observar melhor o lugar. Seu corpo soltava um último feixe de luz, muito longe de mim. Quando o olhei de novo, ele estava no chão, inerte e opaco. No céu, as nuvens escuras afastavam-se e, por um buraco entre elas, o sol passava, envolvendo minha visão com luz laranja. Fiquei assim algum tempo, admirando e sentindo a cena. Ao mesmo tempo que era bonita, me passava uma sensação ruim, queria sair dali.
Abri os olhos.
Tudo desapareceu.
quarta-feira, 3 de maio de 2006
Lembrança
Sempre guardei aquele bilhetes e cartinhas de amigas numa caixa de sapatos que ficava num canto do meu quarto. Até que um dia, há um ano ou dois, resolvi jogá-las fora.
Joguei a maioria; no entanto, duas cartas não consegui jogar. Duas amigas estavam contidas, de certa forma, ali. E os papéis foram aposentados numa gaveta bagunçada, até um dia em que eu decidi organizar todos os meus textos num fichário. As mesmas foram guardadas lá.
Hoje eu quis reler algumas coisas antigas, e no fim lá estavam elas. A tinta da caneta borrada por água que talvez tenha caído... E senti uma coisa que eu nunca havia sentido.
Não consigo nomear esse sentimento. Não é exatamente saudade, não é nostalgia ou mesmo arrependimento por as ter deixado ir. Era... era um sentimento de vazio. O vazio que elas deixaram, para alguém completar. Um sentimento meio de mãe, uma preocupação repentina. Estariam elas - aquelas duas que foram tão importantes - vivendo bem, agora? Que caminho teriam tomado?
E então as lembranças começaram a aflorar, me enchendo de uma alegria saudosa, tantos momentos vividos que a gente esquece! Lembrei de coisas que nem sonhava lembrar, de coisas tão intensas que não consigo acreditar que eu já me havia esquecido.
Me fez bem...
Joguei a maioria; no entanto, duas cartas não consegui jogar. Duas amigas estavam contidas, de certa forma, ali. E os papéis foram aposentados numa gaveta bagunçada, até um dia em que eu decidi organizar todos os meus textos num fichário. As mesmas foram guardadas lá.
Hoje eu quis reler algumas coisas antigas, e no fim lá estavam elas. A tinta da caneta borrada por água que talvez tenha caído... E senti uma coisa que eu nunca havia sentido.
Não consigo nomear esse sentimento. Não é exatamente saudade, não é nostalgia ou mesmo arrependimento por as ter deixado ir. Era... era um sentimento de vazio. O vazio que elas deixaram, para alguém completar. Um sentimento meio de mãe, uma preocupação repentina. Estariam elas - aquelas duas que foram tão importantes - vivendo bem, agora? Que caminho teriam tomado?
E então as lembranças começaram a aflorar, me enchendo de uma alegria saudosa, tantos momentos vividos que a gente esquece! Lembrei de coisas que nem sonhava lembrar, de coisas tão intensas que não consigo acreditar que eu já me havia esquecido.
Me fez bem...
Distração
Escuto meus pensamentos e esqueço a movimentação que existe fora de mim. Vagando...
O Sol lá fora é forte, e aqui tudo é tão frio! A rua, do outro lado do vidro, é úmida e calma, e aqui só ouço ruídos.
Escuto olhares, vejo vozes, sinto a música que sai aos tropeços do fim da manhã.
Estou tentando cessar essa divagação desenfreada, mas não consigo nadar para fugir da minha torrente de pensamentos.
E essa água corre, corre, corre... Me levando junto até que eu me afogue, até que eu mergulhe, até quando?
O Sol lá fora é forte, e aqui tudo é tão frio! A rua, do outro lado do vidro, é úmida e calma, e aqui só ouço ruídos.
Escuto olhares, vejo vozes, sinto a música que sai aos tropeços do fim da manhã.
Estou tentando cessar essa divagação desenfreada, mas não consigo nadar para fugir da minha torrente de pensamentos.
E essa água corre, corre, corre... Me levando junto até que eu me afogue, até que eu mergulhe, até quando?
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Insignificância
Texto feito no ano passado, mais ou menos setembro.
Certo dia olhava meu reflexo no espelho. De repente me enxerguei; não com meus olhos, mas com olhos frios, distantes, externos; olhos do mundo. Só assim me enxerguei como realmente era: uma menina comum, com o mesmo jeito de olhar e de falar de todas as outras meninas, igualmente comuns...
Foi nessa hora que vi como minha existência era irrelevante. Apenas mais um corpo que nasceu, e que um dia vai morrer! Por que, então, sempre me considerei tão especial e diferente, quando na verdade eu era como todo mundo; por que, por algum segundo, me passou pela cabeça que o que importava era EU? Meus sentimentos, minhas vontades...
Faz parte do ser humano ser egoísta, até ele descobrir e aceitar sua insignificância. Então tudo muda em sua forma de encarar a vida. Assim descobrimos que é justamente na irrelevância que reside nosso valor; não existe conjunto sem unidade, e cada unidade é IGUALMENTE importante. Isso não quer dizer, de modo algum, que devemos dar menos valor às nossas vidas individuais; pelo contrário, devemos dar mais valor à ela e aos que nos rodeiam, pois assim passamos, efetivamente, a pertencer à raça humana, e ao planeta, ao universo, à vida: tratando tudo como parte de si.
E você, pretende assumir sua insignificância?
Certo dia olhava meu reflexo no espelho. De repente me enxerguei; não com meus olhos, mas com olhos frios, distantes, externos; olhos do mundo. Só assim me enxerguei como realmente era: uma menina comum, com o mesmo jeito de olhar e de falar de todas as outras meninas, igualmente comuns...
Foi nessa hora que vi como minha existência era irrelevante. Apenas mais um corpo que nasceu, e que um dia vai morrer! Por que, então, sempre me considerei tão especial e diferente, quando na verdade eu era como todo mundo; por que, por algum segundo, me passou pela cabeça que o que importava era EU? Meus sentimentos, minhas vontades...
Faz parte do ser humano ser egoísta, até ele descobrir e aceitar sua insignificância. Então tudo muda em sua forma de encarar a vida. Assim descobrimos que é justamente na irrelevância que reside nosso valor; não existe conjunto sem unidade, e cada unidade é IGUALMENTE importante. Isso não quer dizer, de modo algum, que devemos dar menos valor às nossas vidas individuais; pelo contrário, devemos dar mais valor à ela e aos que nos rodeiam, pois assim passamos, efetivamente, a pertencer à raça humana, e ao planeta, ao universo, à vida: tratando tudo como parte de si.
E você, pretende assumir sua insignificância?
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006
Dia perfeito
Como meu querido amigo Puff é uma criaturinha insuportável, eu vou escrever isso de um jeito não-Camões, pra ele não ter do que reclamar.
Hoje eu gostaria de ter dormido que nem um urso, só que a escola teve a gentileza de tirar esse prazer de mim. Não consegui dormir antes das 3h da madrugada, e tive que acordar às 6h, o que é realmente uma delícia! Além disso, eu tinha esquecido o clássico "sono de aula", e hoje estava mais forte do que nunca. Fora a empolgação de rever os amigos e aquela merda toda, de berros a abraços, fiquei com um sono permanente até dar o sinal da saída, quando eu lembrei de uma coisa que me fez sorrir por dentro: esse ano eu vou ter que voltar todo dia andando.
Acho que isso foi o ponto alto do dia, fiquei tão feliz ao constatar isso que a fome surgiu como uma pontada deliciosa no meu estômago. Maravilha, meia hora de caminhada até chegar à comida. Sim, um árduo caminho, por entre grama, concreto e asfalto, brisa morna com cheirinho de poluição de ônibus e motoboys admirando minha parte traseira. Uma coisa muito legal era o Sol que marcava sua presença, e para minha pele quase negra, isso é muito bom.
Continuei andando, com as novas apostilas na mão (que, por sinal, são ligeiramente mais pesadas que as do ano passado). Quando cheguei em casa, constatei o que já temia: não tinha comida. Nada de almoço. Tinha pão de fôrma integral, margarina e leite. Foi esse o meu almoço.
Depois disso, meu corpo quis de volta as horas de sono perdidas e, ao sentar no sofá, não consegui me movimentar mais, só pensava em dormir. Acho que as pessoas de casa não concordavam com a minha vontade; meu irmão quis conversar um pouco, coisa que me deixou muito feliz e agradecida. Veio o outro irmão, e começou a estalar os dedos ao meu lado. Sabe como é, manifestação de afeto. Achou estranho quando eu comecei a berrar pra ele ir embora, ou ir à puta que o pariu. Achou que eu fui exagerada.
Enfim, consegui dormir. Acordei bastante tempo depois, e corri para o meu eterno vício, o computador. Já estou feliz imaginando minha caminhada de volta para a escola de novo, vai ser mto bom.
Não tenho mais nada a dizer.
Hoje eu gostaria de ter dormido que nem um urso, só que a escola teve a gentileza de tirar esse prazer de mim. Não consegui dormir antes das 3h da madrugada, e tive que acordar às 6h, o que é realmente uma delícia! Além disso, eu tinha esquecido o clássico "sono de aula", e hoje estava mais forte do que nunca. Fora a empolgação de rever os amigos e aquela merda toda, de berros a abraços, fiquei com um sono permanente até dar o sinal da saída, quando eu lembrei de uma coisa que me fez sorrir por dentro: esse ano eu vou ter que voltar todo dia andando.
Acho que isso foi o ponto alto do dia, fiquei tão feliz ao constatar isso que a fome surgiu como uma pontada deliciosa no meu estômago. Maravilha, meia hora de caminhada até chegar à comida. Sim, um árduo caminho, por entre grama, concreto e asfalto, brisa morna com cheirinho de poluição de ônibus e motoboys admirando minha parte traseira. Uma coisa muito legal era o Sol que marcava sua presença, e para minha pele quase negra, isso é muito bom.
Continuei andando, com as novas apostilas na mão (que, por sinal, são ligeiramente mais pesadas que as do ano passado). Quando cheguei em casa, constatei o que já temia: não tinha comida. Nada de almoço. Tinha pão de fôrma integral, margarina e leite. Foi esse o meu almoço.
Depois disso, meu corpo quis de volta as horas de sono perdidas e, ao sentar no sofá, não consegui me movimentar mais, só pensava em dormir. Acho que as pessoas de casa não concordavam com a minha vontade; meu irmão quis conversar um pouco, coisa que me deixou muito feliz e agradecida. Veio o outro irmão, e começou a estalar os dedos ao meu lado. Sabe como é, manifestação de afeto. Achou estranho quando eu comecei a berrar pra ele ir embora, ou ir à puta que o pariu. Achou que eu fui exagerada.
Enfim, consegui dormir. Acordei bastante tempo depois, e corri para o meu eterno vício, o computador. Já estou feliz imaginando minha caminhada de volta para a escola de novo, vai ser mto bom.
Não tenho mais nada a dizer.
sábado, 28 de janeiro de 2006
Ira Santa
Certo dia, minha mãe chegou da faculdade toda estressada (coisa incomum..) e olhou a cozinha. Obviamente não gostou do que viu e começou a berrar. Até aí, a coisa tá normal, mas chegou um certo ponto da discussão (a vítima da vez era o Rafinha) em que ela começou a jogar tudo o que estava no escorredor no chão, na direção da sala. Pegou uma PANELA e jogou na direção do coitado do Rafinha. Ficou quieta e foi embora de novo; para onde eu não sei. Depois de me certificar de que ela não voltaria e que eu podia comentar sobre o que eu ouvi (eu não me arrisquei a descer as escadas para ver o que estava acontecendo) vi meu irmão voltar com uma panela na mão. Quando olhei de perto, a panela estava completamente torta... E depois, conversando mais tarde com ela sobre o acontecimento, ela disse que "era a ira santa" HAHAHAHA sim, sim, ira santa! É quando você tem TOTAL controle sobre o que você está fazendo, mas PRECISA fazer, corrigir os filhos, entende?
O controle emocional da minha mãe me impressiona cada vez mais.
O controle emocional da minha mãe me impressiona cada vez mais.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2006
Primeiro Post
Foto na casa do puff ontem
Coisa estranha, esse blog. Fotolog era tão simples, agora eu venho aqui e tem um monte de simbolozinhos, será que eles esperam que a gente aprenda a mudar o layout sozinhos? Eita...
Primeiro post, sem idéias. Não é o melhor jeito de começar alguma coisa, né.
Bom foda-se, to escrevendo uma crônica escrotinha aqui hahaha.. espero que fique boa, quem sabe um dia eu n posto, né?
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