Looking through a Glass Onion

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When I get to the bottom I go back to the top of the slide, where I stop, and I turn, and I go for a ride

domingo, 23 de novembro de 2008

Breaking to small parts

Da tristeza é que me sai a lágrima indecisa, que, presa no canto dos olhos, insiste em cegar. É agora que eu não quero ter lembranças, e é agora que elas insistem em aparecer, em se reproduzir, para tornar mais difícil o momento da partida; é certo que o momento ainda tarda por vir, o que torna tudo ainda mais aflitivo, porque sei que ainda terei muitas mais lembranças para chorar no momento de voar.
Parece que as lembranças e o passado têm peso, mensurável em gramas, e conforme os anos passam esses miligramas vão acumulando nas costas e nas juntas dos joelhos, e não sei como vou ficar aos 60 anos... E o coração vai fechando para não reclamar, os braços travando para não cansar, as costas reclamando para não abaixar. Sede infinita por novidades, poesias, músicas que me emprestem aquele sopro maravilhoso de vida que uma boa levada de violão nos dá... Brisa leve e fria da poesia recém-descoberta, do autor inesperado, do novo vício. E 'suddenly', percebo que meu texto tem mais reticências do que costuma ter, e isso me irrita. Não gosto de reticências, não gosto. Principalmente quando mal utilizadas, no lugar da pontuação correta. "Marilia, não faça isso..." em vez de "marilia, não faça isso!". É bem diferente. Dá pra notar a diferença, n dá? É... Sei la.

E isso não é pra ser um post de blog-diário-de-menininha, apesar de ser pessoal e tão estranho que quase inconsciente. É só um vômito de pensamentos mal digeridos, de crise-dos-18, talvez. Pré-crise de pré-adulto, se pá.

Eu queria escrever alguma coisa.

domingo, 28 de setembro de 2008

Silêncios ensaiados à meia-luz

transporto tuas fronteiras tão desprotegidas para longe, invado teu território de segredos mal guardados, displicentemente mal enterrados, invado os limites do teu orgulho

sutilmente transgredindo tua pele macia, a olhares transversais de manha ensaiada, me finjo frágil para me esconder no teu abraço

sabe que minto. minha força inteiramente dissimulada pela delicadeza que te rende

minha rede de amores tecidos a fios de lua e beijos encantados num balanço de brisa, tão infantil, tão bebê, e livre assim...

e é a tua pele que meus dedos cegos exploram para entender o encanto simples e sem pretensões de grandeza que me deixa assim quieta, sem medo de qualquer silêncio que se coloque nos momentos de incrível entendimento.

sem reclamações de posse
sem possessões de afeto forçado
apenas risos e sorrisos altos, de tranquilidade bem humorada, de vontades descansadas, balanço de paixão em sombra de aconchego.

amor tranquilo em águas claras

sábado, 6 de setembro de 2008

Circulação

Se trava, destrava.
Quebra, se necessário.
Solta e larga, solta a língua, solta as mãos, destrava.

Se travam as articulações, alonga.
Se o joelho grita, senta, agacha, descansa.
Não cansa.

Se a poesia se manifesta, grita, canta, rodopia com as palavras.
Só sons e ritmo, mais nada.


O que quero é sair gritando todo esse fluxo de poesia tão vivo dentro de mim, esse fluxo tão forte que me puxa, como correnteza, me invade a mente e os gestos, me domina as horas, tranca as tristezas, só me permite sentir o que é belo. A poesia tem desse capricho: bloquear o que há de feio no mundo, distorcer os cantos, as cores, os movimentos, distorcer e ajustar, até que tudo esteja na medida certa para encharcar a alma.
Minha busca incessante por mais vida continua indefinidamente e sem critérios circulando as bibliotecas, os parques, as esquinas, os olhares, as mãos e as bocas, atrás de qualquer sutileza que me invada por inteiro, que me faça entender o que é sangue, o que é pulsação, o que são vontades íntimas, o que é cruel. A mente sai quicando cegamente entre assuntos desinteressantes, seguindo de mãos dadas com o coração que sabe aonde quer chegar, que guia o corpo, que comanda o caminho. Esse trânsito de intenções sabe o que busca, ainda que codifique todos os sinais, para que eu aceite ser subordinada pelo meu sentido mais íntimo, mais profundo, aquele tão escondido e discreto, o único que sabe o que é o sentido da vida mas não me conta.
É ele que eu sigo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Eu voltando a mim

A cidadezinha morrendo aos pouquinhos na noite vai passando em borrões de vapor pela janela. A cadência do ônibus preguiçoso vai enchendo minhas pálpebras de sono, me permitindo sentir um cansaço infantil e gostoso. Tanta vida em poucas horas é muito pra alma digerir e ainda me conservo num estado de cego deslumbramento, com cordas de violino ainda vibrando na minha mente e o ritmo do mar guiando minha respiração.


Piração!

Santos, Santos, agora quem dá a bola é o Santos..

03/08/08:

Oi! Rolê do Mal. Melhor que pic-nic com LSD. =) Te amo, Mazinhaaaa!

Viva Las Vegas!


Eu acho que esse fim de semana foi o mais bizarro da minha vida.
De verdade.
Eu vi o mar! Eu vi o mar! Mas não me deixaram conhecer o porto. Mta mancada. Eu nunca vi um porto.


Essas duas roubaram meu domingo. Foi um dos domingos que eu não senti depressão. Êta dia de dupla relíquia!

*aqui teria o desenhod e uma corda de violino, que mais parecia um espermatozóide.

Eu acho que vocês deveriam me agradecer, por que se não fosse minha súbita e incontrolável vontade de sair do perímetro Manhattan, nenhum de nós estaria aqui.

É, o perímetro Manhattan tem umas cerquinhas invisíveis. Uma vez lá dentro, é necessário muito esforço pra pular a cerca. Ou uma vontade súbita. Agora eu tô me lembrando, e ontem, qnd a Mari falou "Vamo p/ praia?" eu ri e nem cogitei a possibilidade. Agora eu to voltandooo!
Talvez Santos nem seja mto legal, mas eu gostei.
De verdade.
Só p/ constar.


Ah... Eu tava muito a fim de ver a praia. mesmo que fosse Santos. Mesmo que fosse por algumas horinhas. É que nesses dias eu tenho tido insônia, e quando eu fico com sono, parece que tem areia nos meus olhos. Então, toda hora eu me lembrava da praia.

Tive um dia de espontaneidade. Apesar de que... bem... eu nunca pareço entusiasmado. Pareço. Vão pensar: vocês são loucos! Mas eu não acho loucura isso. Pra mim deveria ser normal. Será que vocês duas vão continuar me proporcionando momentos de espontaneidade quando tiverem lá seus 25 anos?
Ontem foi Paulista. Hoje foi Santos. O futuro é o mundo! (ou quem sabe na Irlanda?...)

Na Irlanda ou na Inglaterra, a terra é o que sempre encanta. E o mar, com a alma dança, circulando nessa grande esfera
De água e rocha, chama ou vento
O que eu quero é este momento
Pra ficar eternamente
guardado como presente


momento...
tempo tempo tempo
É o vento.
Eu não sei o que é um momento.
??


Momento. subst. abst. masc. sing.
1. Instante, ocasião, presente, agora.
2. Pedaço de tempo indeterminado.
3. Caracterizante de acontecimento.
4. Gordo. Do "africaner", Rei Momo. "Ele era muito espaçoso e momento."

O Claucio é doente e eu sei disso, mas só eu sei.
Se o tempo é o vento, seria eu então o tempo? Ou, sendo brisa, só posso me considerar momento? A brisa sopra sutil, como os pedaços de segundos que se alojam nos cantos da mente, diferentemente do tempo que corre veloz e nos atropela feito tempestade. Gosto de ser brisa, pois tudo o que é pequeno é o que há de valioso no mundo.


Eu gosto do vento, que é tipo um sentimento.

Tantas rimas me deixaram sonolento.





Fim.

Swimming on spirals

Entre as mãos do maestro cabe a vida. Suas mãos criam perturbações no ar que se prolongam em sons, em cordas, e a música quase que se transforma em matéria líquida, tão densa que entra nos ouvidos.

Minha mente salta de canto em canto criando as cores que alguém se esqueceu de adicionar à paleta: as cores já estão presentes para quem as sentir, é preciso apenas pintar.

Toda essa espiral de sons líquidos, cores ocultas e alma pulsante rodeia tendo como epicentro os dedos e o braço, a respiração e o ritmo do garoto de pé no palco.

O universo circulando ao seu redor e ele se ausenta da sala. Sua música vem de qualquer canto das entranhas de alguma espécie de relíquia, quando ele volta à sala enorme de aplausos, funda em emoção, só para de despedir olhando muito nos olhos, deixando no vácuo a multidao de almas saciadas.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Flowing more freely than wine

É nesse por-do-sol eterno que eu vou encontrar a porção que me falta de qualquer coisa que valha a pena; é esse fim de por-do-sol infinito e anil que eu vou encontrar a falha que me cava dia-a-dia, unha-a-unha, me sangrando e me inflamando, continuamente......




Ondeando no concreto há a alma que não sabe se lavar, não sabe se secar, não sabe se livrar.

O garoto-muito-menino com olhos verde-água segue na estrada que já se sabe onde vai dar; corre de quando em quando, só por desencargo de consciência, arfando sempre, sempre com pressa, quer chegar.

A alma do concreto, o menino na estrada, se ligam por qualquer elo muito delicado de pensamentos distantes e sonhos incríveis que se perdem, se ligam novamente, e são os olhos verde-alma que atraem qualquer carga de afeição inconsciente, inconsistente, fading away...

O concreto, a água, a poeira da estrada que sobe e todos seguem pro mesmo rumo. Qualquer porção de beleza no meio do caminho é uma dádiva, um tesouro do desespero, e desperdiçá-la com conversas fúteis só pode ser considerado um crime.

Versos que se compõem em pedaços longos, longos demais para versos, e ainda assim é poesia, é suave, e se é suave há de ser poesia.

Cantinhos de sonho na minha mente se dão as mãos para me alegrar, me tirar do mundo, e não me diga que é covarde fugir, porque não é. Eu fujo e crio, crio a vontade, o som, a cor, e fico feliz.

9 tempos de batidas inconstantes, esse som já me perturba, mas ainda assim vou atrás dele porque é o que me tira do meu estado habitual. O som que só serve de fundo, para me alucinar, e quase que mata a mente da menina tão natural em sua pose na cadeira, a menina da alma no concreto ondulante, a menina do menino de olhos-água-alma, a garota que martela no ritmo dos nove tempos de música tão estranha, e a alma que corre na estrada, levanta o pó de alergias tantas, alergias passadas, alegrias enterradas, corre para o destino certo de todos, o mar calmo de muitas ondas, de muitos cantos, de praia roxa.

domingo, 8 de junho de 2008

"Oh that song is singing in to me..."

Imagens sensoriais rodeando a garota de cabelos soltos, folhas, vento, sol, o campo aberto, deitada na grama.

A garota dos cabelos soltos rodopia ao som do mar, que está um pouco distante, é verdade, mas o som existe e embala a cena.

Todos os sentidos ligados ao vento, ao céu, à alma, e a garota sorri.
A garota dos cabelos leves, circulando o chão com um graveto, faz um montinho de folhas, derruba, remonta, sorri novamente.

Os olhinhos espremidos tentando fitar o sol deixam-na com o rosto tão distorcido que chega a existir certa graça em suas maneiras, e ensaio chamar por seu nome, que na realidade nem bem sei, mas arrisco um nome que lhe vista bem os movimentos do braço, o branco do pescoço, o brilho do olho. Se se pudesse descrever a pureza com palavras, dir-se-ia que era o nome desta garota, mas não existem palavras que alcancem o que há de puro neste mundo, e não consigo deixar de pensar que pronunciar um nome para tal criatura é o maior dos pecados.



A garota agora prende o cabelo, ou mesmo dá apenas um nó meio frouxo que em alguns segundos soltará de novo. E ela vai enrolar e segurar o cabelo enquanto dança com o vento, e vai sumindo, vai sumindo, e me rouba a alma quando, por fim, mergulha no mar.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Grandes Navegações

Eis que surge:
no monólogo sombrio da madrugada
luzes fugitivas no quarto
O filme, a insônia, o fio.

Poesia embaralhada entre cabelos
A noite não é tão fria assim

Como música, flutuo pela grama
sem futuro
Passo por trinta violões e árvores
Silhuetas, tambores, estradas


Súbito, o absurdo:
Janelas entreabertas de madeira
Cabana de prata e o luar
Colchões de amantes, canções distantes
Envoltos a cantar

São as ondas que me revelam:
o absurdo, o invisível, impensável
uma ilha de meu sonho
Materializado nas bordas da retina
Impenetrável


Minha nau em busca de mim.

sábado, 5 de abril de 2008

Invisíveis fragmentos a olhos nus

Sigo os caminhos menos ortodoxos, quem sabe assim esta deusa vestida de farrapos se despe em ruas, vielas, becos e esquinas. São Paulo, cidade quase sem alma, mas ainda viva, palpitante, com arritmia. Seus batimentos desordenados atormentam a fachada dos prédios de espelho.

São Paulo são muitas cidades, são infinitas cidades se cruzando e se comunicando, se permeando e chocando. Sendo assim, posso dizer que é uma cidadezinha, com inha mesmo, de uma feiúra tão sutil que ouso dizer que me provoca admiração. Acabo por dizer que é linda. Tanta gente passa em todas as ruas que vejo, que fico a imaginar se não se cansam. Prefiro ir a pé.
Se engana quem pensa que a cidade é apenas um amontoado de construção, trânsito, pressa e desilusão. Na cidade há vida e morte, há alma e máquina, há pressa, acima de tudo, mas não para todos. Na cidade, os opostos convivem estranhamente, a olhares oblíquos e passos curtos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Imperatriz Nua

A dama branca observa, sem implorar por atenção, minhas manifestações de humanidade. Me impressiona o seu rosto passivo e imutável, de sábia pureza, acima de mim. Inabalável, brilha a pequena soberana sobre o teto do mundo. Seu rosto é carregado: que temores, que horrores guarda discretos em suas sombras? Não responde aos meu chamados, aos meu brados, às minhas injúrias.

Aos poucos se nota que a dama é surda. Mas vem sempre, com hora marcada, aceitando ser percebida, admirada. Sabe a influência misteriosa e íntima que exerce sobre os homens; como nenhuma outra mulher, tem olhos profundos e eternos.
Amantes, olhando-a de tão longe, inacessível aos seus apelos, embaçam a vista com lágrimas teimosas / insistentes / inertes / impotentes, chorosos por não saber se o que os faz sofrer é a impossibilidade de tal amor ou a surdez de sua amada.